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Crise na Argentina deixa Brasil em alerta

Situação preocupante da economia argentina pode afetar as vendas de carros entre o Brasil e o país vizinho

11/08/2014 - Gabriel Aguiar / Fotos: Divulgação / Fonte: iCarros

A crise financeira na Argentina - nosso principal parceiro comercial - afeta diretamente o Brasil que depende, entre outras coisas, dos veículos produzidos no país vizinho para atender seu mercado interno. Atualmente, Chevrolet, Citroën, Ford, Peugeot, Renault, Toyota e Volkswagen importam modelos produzidos em fábricas argentinas. Mas essa relação sofreu um abalo recentemente.

No final de junho, o periódico argentino “La Nación” divulgou que a Renault não importaria mais veículos produzidos no Brasil devido à retenção de dólares do Banco Central da Argentina. Procurada, a fabricante afirmou que as operações continuariam normalmente, sem qualquer interrupção. O mesmo com a Toyota. As demais empresas não quiserem se manifestar sobre o assunto. Porém, mesmo com as afirmações de que nada muda, tal suposição despertou dúvida quanto à estabilidade da relação comercial entre os dois países.

É crise mesmo?

O presidente de Câmara de Comercial Brasil Argentina (COMARBRA), Alberto Joaquín Alzueta, disse ser possível realizar a tramitação de produtos com o uso de moedas locais, como o Peso no caso dos produtos argentinos, ou o Real, no caso dos produtos brasileiros. “Os negócios feitos com moeda local não precisam de declaração e não são afetados pelo câmbio, o que é benéfico para as indústrias, mas ruim para os bancos, que deixam de lucrar com os juros”, afirmou Alzueta.

O presidente da Anfavea, Luiz Moan, revelou que há ainda o risco de as vendas caírem, causando prejuízo no mercado, mas que existe uma dependência mútua dos dois países, o que garante um equilíbrio na relação comercial. “Há uma integração produtiva que, atualmente, equilibra as importações e exportações. São praticamente os mesmos valores em produtos”, afirmou Moan. Ele também ressaltou que o mercado de autopeças é de suma importância para que a indústria de ambos se mantenha em atividade.

Anzuelta falou ainda sobre a necessidade de as duas economias se apoiarem para manter um equilíbrio. “Quando se faz um acordo de integração produtiva, é para que os dois ganhem e garantam o equilíbrio. Se o Brasil exportar mais, a Argentina irá naturalmente retornar ao equilíbrio depois de suprir a diferença”, explicou.

Novos acordos

Atualmente, 3/4 da produção automotiva exportada pelo Brasil são destinados à Argentina. Segundo Moan, a crise econômica no país do vizinho colocou a indústria em alerta e agilizou processos de acordo com outros países. ”Independente da situação financeira da Argentina, trabalhamos na expansão dos acordos de comércio para buscar um leque maior de mercados externos”, disse. Ainda sobre a estreita ligação entre os dois países, o presidente da Anfavea revelou os futuros projetos do Brasil para balancear a dependência comercial vivida pela indústria. “Planejamos uma maior integração com a América do Sul e, depois, com a África. Além disso, um acordo com a Europa está em andamento em conjunto com o governo”, revelou.

Até Deus duvida

O ProCreAuto é um programa de incentivos fiscais criado pelo governo argentino que diminui a taxa de impostos dos veículos populares fabricados no país, semelhante à ação do IPI reduzido no Brasil. Isso tem aquecido o mercado automotivo argentino, inclusive, aumentando as vendas em 18,9% no mês de julho em relação a junho. As montadoras que mantêm fábricas nos dois países buscam uma solução para que a medida contemple também os automóveis produzidos em solo tupiniquim, o que ainda está em negociação.

Luiz Moan afirma que a integração produtiva garante que as exportações não serão afetadas, pois, sem comprar produtos brasileiros, a indústria argentina seria afetada e haveria diminuição da exportação ao Brasil. “Qualquer restrição ao intercâmbio de produtos vai causar uma redução da produção, o que não é racional”, afirma Moan. Por sua vez, Alberto Joaquín Alzueta afirma que a situação está difícil, pois o argentino precisa escolher entre comprar um veículo ou suprir suas necessidades básicas de consumo. Quando questionado sobre uma possível solução para essa crise financeira, Alzueta é enfático: “Só será possível sair da crise negociando. Mas uma solução em curto prazo até Deus duvida”.
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